Seu Coração, o mais intimo de sua pessoa, foi o lugar onde exerceu seu sacerdócio.

Padre Mario Venturini, na fase comprida e não fácil de preparação da nova “Obra”, que Jesus no Horto das Oliveiras lhe tinha inspirado em 1912, teve sem dúvida momentos de luz sobrenatural. O ano 1924 foi particularmente rico. No seu Diário encontramos registrados cuidadosamente dois momentos típicos pela sua espiritualidade e pelo seu serviço ministerial aos Padres.
Com a data de 27 de junho de 1927 (festa do sagrado Coração) encontramos:
“Nunca teria pensado que o bom Jesus me preparasse para este dia uma multidão de graças. Sempre magnifico o S. Coração do meu Jesus! A festa assume este ano um aspecto completamente novo para a Obra que pela primeira vez quer honrar o Coração Sacerdotal de Jesus. Entendendo que o Senhor queria dar a sua pequena Obra uma marca toda especial por esta devoção, que será característica dos Padres, apresentei a Padre Hugon, meu professor no Angelicum, esta devoção…”.
Receberá uma resposta muito positiva e encorajante. A mesma dará, também, o seu Diretor espiritual, Padre Petazzi, Jesuíta muito conhecido e estimado pela sua ciência e piedade.
Padre Venturini foi sempre muito devoto do Coração de Jesus, desde os anos de seminário. Jovem Padre destacou-se pelo zelo em viver e difundir esta devoção em Cavarzere, seu primeiro campo de pastoral. Os paroquianos o chamavam de “Sagrado Coração de Cavarzere”.

Pensando no nome da obra sacerdotal que, por clara inspiração, estava realizando, estava decidido em denominá-la: Pia Sociedade dos Filhos do Coração de Jesus. E no seu diário será frequente a invocação ao Sagrado Coração. Até àquela data de 27 de Junho de 1924. Em seguida será sempre o Coração Sacerdotal de Jesus objeto de sua devoção e do seu apostolado entre os Padres.
Ele mesmo explicava as motivações profundas:
- Jesus veio ao mundo como Sacerdote do Pai. Como a Carta aos Hebreus indica claramente, Ele foi o único verdadeiro Sacerdote: Deus e homem, mediador eficaz entre Deus e a humanidade.
- Porém nunca se serviu dos lugares, das vestes, dos ritos que os sacerdotes hebreus usavam. Seu Coração, o mais intimo de sua pessoa, foi o lugar onde exerceu seu sacerdócio. Do primeiro instante de sua concepção até a oferta da Cruz: sempre no profundo do seu Coração foi Sacerdote e Vítima, Cruz e Altar. E sabemos quanto lhe custou.
- Os Padres da nossa Igreja, para exercer um autêntico serviço ministerial devem, sobretudo, esforçam-se de viver uma profunda identificação com o Coração Sacerdotal de Jesus, atingir dele um grande amor a Deus e aos homens, o desejo de amar e reparar, de ir à procura das ovelhas desgarradas, de apresentar ao Pai um povo santificado pela misericórdia de Cristo.
- Os membros da nova família Religiosa terão que fazer próprio, como lema, a profunda expressão do Evangelho de João: “Amou os seus até o fim” (Jo 13,1b): expressão do particular amor do Coração Sacerdotal para com seus amigos e ministros.
Padre Venturini tinha a certeza que esta devoção lhe foi inspirada diretamente por Deus. Assim a acolheu e, com toda sua generosidade, a viveu.
Na verdade sabemos que, na França, Padre Dehon tinha já publicado no ano 1907, por isso 17 anos antes, um livrinho de reflexões ascéticas com o título de “O Coração Sacerdotal de Jesus”. A inspiração veio da mesma fonte!
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Padre Angelo Fornari, CJS.
Superior da casa de Barretos – SP, e responsável pelo trabalho específico com os sacerdotes. Psicopedagogo e Professor Emérito da Faculdade João