
Deus, em sua infinita bondade, tem preparado e formado nossa família pelas mãos da Congregação de Jesus Sacerdote – CJS. Tive a oportunidade de contar em outra edição da Revista Voz Amiga, como Deus me chamou e me deu a conhecer esta obra Dele. Para quem não leu, ou não se recorda, minha experiência foi em uma encenação da vida do fundador da congregação, da qual nasceu um grupo de jovens onde tornou-se minha primeira raiz na paróquia Senhor do Bonfim, onde conheceria minha esposa e o carisma de Padre Mário Venturini (Fundador da CSJ). Pouco mais de 20 anos depois destes encontros fizemos nossas primeiras promessas como agregados externos e hoje queremos partilhar um pouco de como vivemos em família este carisma.
Antes de partilhar sobre nossa vida como agregados, pedi à Bárbara, minha esposa, que escrevesse algumas palavras, relembrando alguns momentos significativos de nossa vocação a essa obra, assim ela discorre:

“Ao reviver nossa história, percebo que nossa vocação como agregados da Congregação de Jesus Sacerdote nasceu ao mesmo tempo em que nascia nossa vocação como família. Desde aquele nosso primeiro beijo no salão da Paróquia Senhor do Bonfim, há vinte anos, quando nosso namoro começava, contávamos com a amizade dos padres e seminaristas que ali moravam e desde muito jovens nos sentíamos em casa quando estávamos entre eles.
Conforme nosso namoro amadurecia, também amadurecia nossa forma de enxergar os sacerdotes. Aprendíamos que eles, sendo nossos pais espirituais, confessores, conselheiros, amigos tão queridos, apesar de tantas vezes parecerem ‘super-heróis’, são tão humanos quanto nós e, portanto, precisavam e precisam da nossa amizade e principalmente das nossas orações.
E quando se trata de um chamado de Deus, tudo acontece naturalmente. Casamos! Nós dois nos tornamos quatro e ganhamos muitos novos amigos sacerdotes. Por onde quer que a gente vá, quando menos percebemos, estamos recebendo esses amigos em nossa casa.
Em um momento de grande provação para nossa família, tivemos que nos mudar para o Rio Grande do Sul e, em pouco tempo, estávamos frequentando o Seminário de Gravataí, lar de muitos sacerdotes aposentados. Que alegria era estar entre eles, ouvir testemunhos com tanta sabedoria que só uma cabecinha branca pode partilhar.
Hoje tenho certeza de que a vocação da minha família, nossa pequena igreja doméstica, é interceder por aqueles que trabalham diariamente para a nossa salvação. O Catecismo da Igreja Católica nos ensina que, o amor ao próximo é inseparável do amor de Deus. Então, como não amar àqueles que trazem Deus até nós? ”.
Sendo assim, como minha esposa apresentou, é uma grande honra e responsabilidade ofertar toda nossa vida e tudo o que somos pela santificação daqueles que são chamados a nos fazer mais santos, os padres. Entretanto, como isso acontece de forma prática em nossa vida?
Hoje vivemos em uma casa que foi construída pelos meus avós. Tenho a alegria e gratidão de me lembrar deles em cada cantinho, mas fizemos uma pequena mudança na sala de estar que nossa Maria Clara, de 3 anos, chama de “sala de rezar”. No centro da sala, no lugar de mais destaque não tem uma televisão, mas sim um oratório. E é ali onde rezamos o oferecimento do dia e a liturgia das horas.
As crianças participam conosco do oferecimento do dia e da oração das completas. Muitas vezes essa participação deles requer paciência. O Miguel, tem 9 anos e é responsável pela leitura breve na oração das completas. Ele ainda está desenvolvendo a leitura e acaba tendo dificuldade com algumas palavras. A Maria Clara, faz questão de entregar em mãos o breviário de cada um, participa um pouco, sai, volta, sabe responder tudo, às vezes interrompe um pouco; oferecemos esse exercício de paciência pela santificação dos sacerdotes e entendemos que é um investimento no crescimento espiritual deles.
Em nossos trabalhos, procuramos fazer o que São José Maria Escrivá chama de “apostolado da amizade”, trabalhando discretamente, sendo leais, ganhando a confiança dos colegas, sem esconder e sem expor ao excesso a nossa espiritualidade. E em várias situações como: conversas informais no transporte, no elevador, entre outros, temos a oportunidade de responder às inquietações destes nossos colegas; esse pequeno apostolado também oferecemos pela santificação dos sacerdotes. E podemos dizer que desde que tomamos consciência de que poderíamos fazer essa pequena oferta, o Senhor tem criado mais e mais oportunidades de darmos testemunho em nossos trabalhos.

Todo católico deve ver a figura de Cristo no sacerdote! Aqui em em nosso lar procuramos exercitar isso tentando fazer de nossa casa uma nova Betânia para os sacerdotes e seminaristas, imitando a hospitalidade que Lázaro e suas irmãs proporcionavam ao Senhor Jesus. Quem dera se estivéssemos mais em casa e os padres não vivessem tão sobrecarregados em suas paróquias, mas, as vezes Deus nos proporciona bons momentos de convivência.
Como qualquer família, passamos também por algumas provações, mas temos a graça de vivê-las com a consciência de que somos chamados a uma espiritualidade reparadora. E estes obstáculos, as tristezas, a saudade daqueles que se foram, tudo isso oferecemos em reparação pelos pecados cometidos contra o Coração Sacerdotal de Jesus.
Todas essas pequenas ofertas, apresentamos unidos ao sacrifício de Jesus. Temos certeza de que contribuem, mesmo que minimamente, para o crescimento no amor e para santificação do clero. Também percebemos que estas mesmas ofertas têm nos ajudado nesse processo de transformar o coração da nossa família num coração cada vez mais semelhante ao Coração Sacerdotal de Jesus. Digo isso porque posso ver acontecer em nossa família aquilo que diz padre Mário Venturini: “a união frequente à Vítima Divina nos dará maior compreensão da infinita caridade com que somos amados”.
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Marcelo Monteiro e Bárbara Monteiro.
Agregados da Congregação de Jesus Sacerdote.