Conhecendo minhas fraquezas e limitações, aproveito a oportunidade desse contato com você que nos lê e que sei que reza pelos padres, para pedir que reze também por mim, para que eu seja servo fiel à minha esposa, aos filhos e a Deus. Caso haja o ministério do diaconato, seja ainda fiel à missão do anúncio da Palavra de Deus, à caridade e à Liturgia.

Olá irmãos! Eu sou Charles, agregado externo da Congregação de Jesus Sacerdote aqui em Marília-SP. Sou casado com a Ivone, há 38 anos, temos dois filhos, o Mateus e o Guilherme – eles já são homens -. Fui convidado a partilhar um pouco da minha experiência com a Congregação e a caminhada na comunidade paroquial. Sem dúvida, o contato com a família religiosa de padre Mario Venturini começa quando, depois de longo tempo de afastamento da vivência em comunidade, eu retornei, após insistência de minha esposa.
Tenho, ainda vivo, em minha memória esse momento que foi marcante, muito importante na minha volta. Cheguei à porta do Santuário de São Judas Tadeu naquela quinta-feira que haveria a missa e depois o grupo de oração. Recordo que quem presidia a celebração, naquele dia, foi uma figura que evocava respeito e afetuosidade quer pelos cabelos branquinhos, ou pela fisionomia muito sóbria e voz paternal. Concelebrava outro sacerdote bem mais jovem, notei que ambos tinham marcado sotaque italiano. Informaram-me serem eles padre Pio e padre Carlos, sendo que padre Pio estava deixando a paróquia e padre Carlos, o novo pároco. Penso que era início do ano 1994. Começou ali minha nova rota de caminhada. Até então, me dedicava apenas ao trabalho, família e diversão.
Com o passar do tempo comecei a me integrar aos trabalhos da comunidade, conhecer outros religiosos que eventualmente vinham à casa da congregação anexa ao Santuário. Fui esclarecido sobre a importância da participação assídua aos sacramentos, sobretudo da Eucaristia e Reconciliação. Havia me confessado há muitos anos e agora com consciência, sentia a necessidade da penitência, porém, tinha certo receio, vergonha. Foi quando decidi, cheguei um pouco antes do início da missa e procurei o padre para me confessar. Ele me atendeu com carinho, penso que percebeu minha apreensão e me deixou a vontade, tivemos uma boa conversa, orientou-me sobre muitas dúvidas e me revelou um lado até então desconhecido por mim, o da misericórdia de Cristo que se manifesta no sacramento. Trago ainda hoje a lembrança daquele momento, como me senti feliz e fortalecido. Guardei com carinho aquele momento e a memória daquele padre que ficou certo tempo aqui em Marília; seu nome era padre Primo, vinha da Itália também.
Na comunidade, participei inicialmente do grupo de oração e depois também da equipe de servos da Renovação Carismática Católica. Naquele tempo, em preparação à passagem do milênio, tivemos uma missão popular que incluía entre as iniciativas, visitas de missionários aos domicílios da comunidade. Foi para mim uma experiência importante que me direcionou o foco para outro rumo. Até então não tinha conhecimento da situação tão difícil em que tantas pessoas viviam tão próximas a nós. Eram muitas crianças, mulheres, homens e pessoas idosas que estavam instalados em locais e situações indignas, extremamente carentes de todas as coisas; pessoas que literalmente estavam à margem da sociedade.
Nesse momento, havia começado na paróquia uma nova Conferência Vicentina. Havia começado seus trabalhos por incentivo de Padre Pio, que era assíduo benfeitor daquela gente esquecida. Comecei uma nova atividade como vicentino a qual me dediquei até muito recentemente.

Passado alguns anos, embora participasse da comunidade (permanecendo apenas como vicentino) lembro-me de ter relaxado, não tinha mais o fervor inicial. Porém, em determinado momento senti novamente a necessidade de ser mais fiel e constante na comunidade e nos Sacramentos. Em minhas orações havia feito o firme propósito de uma vida cristã mais fervorosa e disponível para as necessidades paroquiais e me comprometi intimamente com o Senhor a ser mais fiel. Naquele começar de novo ano – 2010- a comunidade celebrava a Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus; cheguei um pouco antes da Santa Missa e padre Carlos veio conversar comigo e me convidou a servir como ministro extraordinário da Sagrada Comunhão, entendi como um sinal e aceitei com muita satisfação.
Depois, padre Marcio veio a ser nosso pároco, ele me ajudou muito em aconselhamento, me assistiu na solução de questões difíceis pelas quais eu passava.
Cresceu a simpatia pela Congregação quando junto com outros agregados participei de uma peregrinação que tinha a direção de padre Costante à Terra Santa e lugares Santos da Itália, onde incluía passagem pela Casa Mãe da Congregação, em Trento. Ali conheci outros padres e irmãs bem como agregados lá da Itália e o padre José Antônio que estivera em Marília durante muitos anos para sua formação. Ele havia sido nosso pároco, estava morando lá naquele momento, nos acompanhou na visita apresentando muito do patrimônio espiritual e histórico da Congregação.

Quando de volta, padre Ângelo em determinada época promovia na Casa de Jesus Sacerdote um encontro de “Amigos” da congregação. Participei, e um dia a minha amiga a agregada Salete – a quem chamo de madrinha – perguntou-me se eu gostaria de participar como agregado, manifestei minha vontade de me unir a eles em favor dos padres. Logo, padre Ângelo me chamou para uma caminhada preparatória e passado certo tempo fiz os primeiros votos temporários.
Quase ao mesmo tempo, nossa diocese pediu às paróquias que indicassem homens que se dispusessem serem candidatos ao Diaconato Permanente, pois teria sua primeira turma. Os padres Marcio e Ângelo me convidaram. Confesso que fiquei um pouco confuso e temeroso de início, pensei em dizer não, porém, lembrei-me daquele momento íntimo com o Senhor e fui consultar meus familiares para ter deles também uma possível aprovação. Sem restrições, disse sim. Começamos a nossa formação em 2015 e agora em 2020 recebi o ministério do Leitorato como caminho para possível ordenação diaconal posterior.
Nos cinco anos como agregado, também estive comprometido com a formação na Escola Diaconal. Sendo verdade que nos muitos retiros e encontros que houve nesse período, não pude participar por estar na escola que tinha suas atividades nos finais de semana. Agora, caso a Igreja entenda que deva confiar o ministério através do sacramento da Ordem, penso na Graça e também na responsabilidade que terei, pois, tanto o Sacramento do Matrimônio como o da Ordem estão orientados à salvação de outrem e da salvação pessoal servindo para a edificação do Povo de Deus.
Conhecendo minhas fraquezas e limitações, aproveito a oportunidade desse contato com você que nos lê e que sei que reza pelos padres, para pedir que reze também por mim, para que eu seja servo fiel à minha esposa, aos filhos e a Deus. Caso haja o ministério do diaconato, seja ainda fiel à missão do anúncio da Palavra de Deus, à caridade e à Liturgia.
Um abraço fraterno a todos. Que Maria a Mãe de Jesus, o Eterno Sacerdote, nos conduza na caminhada.
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Charles Cardoso Coelho.
Agregado da Congregação de Jesus Sacerdote.