Só a formação permanente ajuda o padre a guardar com amor vigilante o mistério que traz em si para o bem da Igreja e da humanidade”(PDV, 72)
Nota-se que a formação intelectual específica dos sacerdotes se constitui pela graduação em Teologia e pela graduação em Filosofia. A primeira, o propósito deste artigo, tem o objetivo de estudar a Revelação à luz da fé e do Magistério da Igreja Católica, onde todos os estudantes possam perscrutá-la profundamente, torná-la sustento da vida espiritual, anunciá-la, expô-la e defendê-la no seu ministério (Cf: OT16).
Nota-se que a Igreja exige do candidato ao sacerdócio uma preparação teológica com a duração mínima de quatro anos. Tão importante quanto a duração são os conteúdos e os métodos no ensino da Teologia. Os conteúdos exigidos para o sacerdócio giram em torno da Sagrada Escritura, da Teologia Sistemática e das disciplinas específicas para a pastoral, tais como: Direito Canônico, Liturgia, Moral, História da Igreja dentre outras.
Afirma-se cada vez mais que ao concluir o curso de Teologia bem feito o candidato ao sacerdócio apenas está habilitado para iniciar suas atividades. Como já prevê o Concílio Vaticano II, deverá atualizar-se sempre através do estudo. No documento Pastores Dabo Vobis – PDV de João Paulo II urge a necessidade da continuidade da formação dos sacerdotes: “A formação permanente ajuda-o a vencer a tentação de reduzir o seu ministério a um ativismo que se torna fim em si mesmo, a uma impessoal prestação de trabalhos, mesmo que espirituais ou sagrados, a um mero emprego ao serviço da organização eclesiástica. Só a formação permanente ajuda o padre a guardar com amor vigilante o mistério que traz em si para o bem da Igreja e da humanidade” (n. 72).
Ressalta-se que a formação permanente inclui também a atividade intelectual. A dimensão intelectual da formação precisa de ser paulatinamente continuada e aprofundada durante toda a vida do sacerdote, em particular mediante um estudo e atualização cultural séria e empenhada. “Em particular, a continuação do estudo teológico mostra-se necessária para que ele possa desempenhar com fidelidade o ministério da Palavra, anunciando-a sem confusões nem ambiguidades, distinguindo-a das simples opiniões humanas, mesmo se famosas e muito difusas” (PDV, n. 72).
Dessa maneira, sendo a Igreja e, especificamente os sacerdotes, como dialogar e se posicionar diante da realidade relativista que temos hoje? Percebe-se que atualizar-se em Teologia não se resume fundamentalmente no estudo da doutrina católica. Caso fosse, bastaria ter um bom catecismo ou manual da doutrina católica. O aprofundamento desta doutrina é condição necessária, mas não suficiente para a vida e ação do sacerdote, pois é como um esqueleto. É preciso conhecê-la, confrontá-la, trazê-la para a realidade, traduzindo-a para a linguagem do meio em que atua, isto é, traduzindo-a para dentro de novas situações, dando-lhe, assim, vida.
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André Carlos Morais Carvalho
Teólogo, Noviço da Congregação de Jesus Sacerdote.
andrecarlosm.carvalho@gmail.com
- CONCÍLIO VATICANO II. Compêndio do Vaticano II. Petrópolis: Vozes, 1968.
- JOÃO PAULO II. Pastores Dabo Vobis (Exortação sobre a formação dos sacerdotes). São Paulo: Paulinas, 1992.