Uma vida matrimonial que acolhe Maria como mestra, e a quer, apreende no silêncio de escuta e meditação, conhecimentos individuais. Cada casal de acordo com suas necessidades, descobre com o sim dela o que lhes falta.

Plano de Deus desde a Criação do Mundo.
A vida matrimonial é feita a dois: homem e mulher! No entanto, o lar matrimonial não é composto somente por duas pessoas, há, contudo, a presença essencial de Deus e, claro, da Virgem Maria. Quatro pessoas que compõem o lar desde a criação do mundo. Desde o princípio, a vocação da Igreja foi plasmada no coração de Deus à sua imagem e semelhança, não somente a vida matrimonial, mas a vocação da Virgem Maria. Duas vocações prefiguradas na linda poesia do Genesis, vocacionadas ao sim.
Quando Deus, na sua infinita misericórdia, iniciou sua obra magnífica, quis que homem e mulher tivessem o domínio da fecundidade e geração unidos no laço nupcial chamado Matrimônio. No evangelho segundo são Marcos, Cristo deixa claro sobre a criação do mesmo:
Jesus foi para o território da Judéia, do outro lado do Jordão. As multidões se reuniram de novo, em torno de Jesus. E Ele, como de costume, as ensinava. Alguns fariseus se aproximaram de Jesus. Para pô-lo à prova, perguntaram se era permitido ao homem divorciar-se de sua mulher. Jesus perguntou: “O que Moisés vos ordenou?” Os fariseus responderam: “Moisés permitiu escrever uma certidão de divórcio e despedi-la”. Jesus então disse: “Foi por causa da dureza do vosso coração que Moisés vos escreveu este mandamento. No entanto, desde o começo da criação Deus os fez homem e mulher. Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e os dois serão uma só carne. Assim, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe!” (Mc 10,1-12)
O matrimônio, assim como a Missão da Virgem Maria, é plano de Deus. Ambas as vocações são plasmadas pela Ação do Espírito Santo. No evangelho Cristo aparece sacramentando, com autoridade, o casamento. Confirmando a indissolubilidade resultante do SIM, livre, lindo, imaculado, fecundo e concreto declarado pelos noivos, assim como o da Virgem Santíssima.
O exemplo de Maria na vida Conjugal.
Em sua homilia do dia 25 de maio de 2018, o Papa Francisco disse que todos precisam entender e contemplar que no matrimônio há a imagem e a semelhança de Deus. Entender e contemplar são dois verbos que fazem parte da profundidade da vida da Virgem Maria. Ela compreendendo os planos de Deus, contemplou-O em seu coração. Feitos a imagem e semelhança de Deus desde a criação do mundo, Homem e mulher designados a unirem-se em uma só carne, devem entender a profundidade e contemplar o matrimônio como plano de Deus com o mesmo coração da Virgem Maria, sem dureza, porém aberto e de carne.
Pergunta-se: É possível que uma jovem de 15 anos consiga ser tão obediente a Deus, ao ponto de aceitar, sem demora, a missão de engravidar como mãe solteira? A resposta a essa pergunta é sim! Há na Virgem Maria essa pequena garota, linda, livre, imaculada e fecunda que, mesmo sem saber o que de fato aconteceria, tinha consciência dos planos para aquele sim e se entregou ao projeto de Deus sem demora. Homem e mulher são convidados a viver a simplicidade da Virgem Maria, predestinados em primeiro lugar a sua vocação geradora e responder sem demora a este chamado.

O sim do matrimônio não é apenas para o homem ou para a mulher, mas para a Igreja, recorda o Papa Francisco em sua homilia: “E este não é somente um sacramento para eles, mas também para a Igreja”[1]. Tal qual o sim de Maria, que não foi um sim privado, fechado em si, contudo foi, e é um sim para a Igreja.
Maria como Mãe e Mestra.
Cristo, nosso Mestre e Senhor, iluminado pela sabedoria divina de sua natureza, não foi auto suficiente para alcançar a maturidade humana, que o levaria à beleza de sua missão salvífica, sozinho, mas em sua infância precisou da mais bela e esplendida mestra nos ensinamentos do sim, a Virgem Maria.
A constituição Dogmática LUMEN GENTIUM dá uma luz a respeito da presença da Virgem Maria na economia da salvação: “Deus quis!” Querendo Deus, na Sua infinita benignidade e sabedoria, levar a cabo a redenção do mundo, “ao chegar a plenitude dos tempos, enviou Seu Filho, nascido de mulher,… a fim de recebermos a filiação adotiva” (Gl 4,4-5).[2]

Quer também o casal a presença dela?
Homem e Mulher, unidos pelos laços matrimoniais, sabem perfeitamente qual é sua missão no sacramento do matrimônio e os desafios da vida conjugal, igual ao Cristo. Porém, durante os primeiros anos, assim como Ele, precisam ser educados e canalizados na vocação do sim. Quem melhor senão pela Virgem Maria?
Os esposos devem querer e seguir confiantes na beleza vocacional gerada na imagem e semelhança de Deus, até seu fim último, igual à missão do Cristo. Sabendo que, mesmo na cruz, sua mestra estará lá, jamais no lugar do casal, mas cumprindo sua missão de mãe, pois a vocação é do Homem e da Mulher!
Uma vida matrimonial que acolhe sua mestra e a quer, apreende no silêncio de escuta e meditação, conhecimentos individuais. Cada casal de acordo com suas necessidades, descobre com o sim dela o que lhes falta. Não é possível listar, pois, parte de uma experiência particular de vida matrimonial, é percebida com o testemunho de uma vida de casados.
Deus e Maria batem as portas do lar matrimonial, se acolhidos farão dele novamente a primeira comunidade da criação: Deus, a virgem Maria, homem e mulher, porém agora redimidos pelo sangue de Cristo, não mais prefigurados, mas, sendo o que de fato aceitaram ser com seu sim: uma só carne.
Agora é possível responder aquela pergunta típica feita ao casal que tem uma longa vida de casado:
Qual o segredo para viver tanto tempo juntos? O segredo é a presença de Deus e da Virgem Maria.
[1] Homilia do Papa Francisco na missa celebrada na Casa Santa Marta no dia 25 de maio de 2018.
[2] Constituição Dogmática, LUMEN GENTIUM, Sobre a Igreja, Capítulo VIII, A Bem-Aventurada Virgem Maria Mãe de Deus no Mistério de Cristo e da Igreja, N° 52.
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Oelane Rodrigues e João Paulo Queiroz.
Arquiteta e Gestor de Tecnologia da Informação.