A Experiência do Cristo Ressuscitado na primeira formação

 

O seminarista desde já deve professar a fé com a sua vida ao exemplo de São Paulo: “Minha vida presente na carne eu a vivo na fé, crendo no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gl.2,20).

 

 

         A vida do seminarista deve convergir para seu fim último, o magistério da Igreja ao se referir aos religiosos aponta um destino fundamental[1].  

O povo de Deus não possui aqui morada permanente, mas busca a futura, […] ora manifesta já aqui neste mundo a todos os fiéis a presença dos bens celestes, ora dá testemunho da nova e eterna vida conquistada pela redenção de Cristo, ora prenuncia a ressurreição futura e a glória do Reino celeste. LG Cap. VI nº119 p. 94

         A importância da intimidade do vocacionado em formação (seminarista) com Jesus deve ser marcante porque assim foi a experiência do mestre com seus apóstolos[2] e os mesmos seguiram essa finalidade (PDV 60)[3] de ser em Deus e por Deus[4], para só depois ser através Dele, saindo em missão.

         Cabe, portanto, uma configuração do seminarista ao seu Senhor, por isso lhe é atribuída uma espiritualidade que o ajudará a definir sua identidade de futuro presbítero.

O documento da CNBB nº 93 ajuda lembrando a importância de uma boa preparação: “O sentido da vida e da missão do presbítero é determinante pela qualidade e profundidade da sua experiência de comunhão (DAp 278).”[5]

         O seminarista deve buscar na formação e na experiência no seminário as quatro dimensões de Cristo. A primeira é dar–se na espiritualidade,[6] (Mt. 6,33. Mc.1,35.) a segunda é dedicar-se na sagacidade ao estudo, uma vez que a formação intelectual “procura adquirir uma sabedoria que, por sua vez, se abre e orienta para o conhecimento e a adesão a Deus” (PDV 51), ”[…] e “Jesus crescia em estatura, em sabedoria e graça, diante de Deus e dos homens[7],   desta maneira o presbítero, ao redor da identidade com Cristo na docilidade ao Espírito de Deus, vai atestar que o seminário é escola de santos.

         A terceira dimensão é o aspecto missionário, a vida pastoral a exemplo do Mestre Jesus: “Jesus chama, escolhe e prepara seus discípulos para serem pastores do seu rebanho”[8] (Mc.3,18) e os envia (Mt.28, 19 – 20);essa dimensão é a “necessária qualificação específica para o ministério pastoral”[9] é a natureza da Igreja, ou seja, a missão.

         Por fim, essas três dimensões devem ser a “partir de Cristo”[10]

 […] a Igreja conta com a dedicação constante desta multidão eleita de filhos […] com a sua aspiração à santidade e com o entusiasmo do seu serviço para favorecer e apoiar a tensão de todo cristão para a perfeição e reforçar o solidário acolhimento do próximo, especialmente do mais necessitado.
Deste modo, se testemunha a presença vivificante da caridade de Cristo entre os homens, eis a quarta dimensão.
[11]

          Este ímpeto para sair em missão é fruto da experiência com o Ressuscitado que o seminarista deve ter a cada dia na etapa da sua formação, encontrando à Cristo seja na incidência insubstituível da vida sacramental[12] como também no contato com os irmãos.[13]

         O seminarista desde já deve professar a fé com a sua vida ao exemplo de São Paulo: “Minha vida presente na carne eu a vivo na fé, crendo no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim”(Gl.2,20). Obedecendo a esta causa nobilíssima Sto. Irineu afirma: “se fez causa de salvação tanto para si como para todo gênero humano”.[14]

          O contexto ao qual o santo se referia era sobre Maria na Assunção, mas por meio desses escritos faço alusão a todos os cristãos, em particular a todos os seminaristas que, ao obedecer Seu Mestre, já fazem esta experiência.

 

 

 

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Ir. Ronaldo Teles da Cruz, CJS.
Religioso na Congregação de Jesus Sacerdote, e estudante de teologia no Centro Universitário Salesiano de São Paulo, UNISAL, 7º semestre.

 

 

 

[1]            SCHILLEBEECKX, Edward. Lumen Gentium, capitolo VIII: una via di mezzo tra massimalismo e minimalismo. Maria : Ieri, Oggi, Domani, Brescia – Itália: 1995. 234

[2]            Mc.3,14

[3]            JOÃO PAULO PAPA,. Pastores Dabo Vobis: esortazione apostolica post-sinodale di sua Santita Giovanni Paolo II. Cidade do Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 1992. 180 p. ISBN 882091803X.

[4]            Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica; Partir de Cristo.

[5]            CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Diretrizes para a formação dos presbíteros da Igreja no Brasil. São Paulo: Paulinas, 2010. 248 p. (Documentos da CNBB (Paulinas) ; 93). ISBN 9788535627442.p.157.

[6]            Mt. 6,33. Mc.1,35.

[7]            Lc.2,52 

[8]            CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Diretrizes para a formação dos presbíteros da Igreja no Brasil. São Paulo: Paulinas, 2010. 248 p. (Documentos da CNBB (Paulinas) ; 93). ISBN 9788535627442.p.180

[9]            Ibid.,p. 180 – 181.

[10]          IGREJA CATÓLICA. Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica. Partir de Cristo: um renovado compromisso da vida consagrada no terceiro milênio. 2. ed. São Paulo: Paulus, 2002. 70 p. ISBN 8515024969.

[11]          IGREJA CATÓLICA. Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica. Partir de Cristo: um renovado compromisso da vida consagrada no terceiro milênio. 2. ed. São Paulo: Paulus, 2002. 70 p. ISBN 8515024969.p. 8.

 

[12]          JOÃO PAULO PAPA,. Carta apostólica: Novo millennio ineunte do sumo pontífice João Paulo II ao episcopado, ao clero e aos fiéis no término do grande jubileu do ano 2000. São Paulo: Edições Loyola, 2001. 58 p. (Documentos pontifícios). ISBN 851502254X.p.35 – 37.

[13]          Lc.10, 16.

[14]          Adv. Haer. III, 224: PG 7,959ª; Harvey,2,123.

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