Uma celebração, com início às 7h, desta segunda-feira, 12 de abril, direto da Capela Nossa Senhora Aparecida na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília (DF), marcou a abertura da 58ª Assembleia Geral ordinária dos Bispos do Brasil (AG CNBB). A missa de abertura foi presidida pelo bispo auxiliar do Rio de Janeiro e secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado, a Missa não teve a cobertura televisiva.
O tema central se refere ao Pilar da Palavra proposto pelas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE 2019-2023). Mesmo sem a possibilidade de votação de um documento, será debatido o tema “Casas da Palavra – Animação bíblica da vida e da pastoral nas comunidades eclesiais missionárias”.
Destaques da pauta no 1º dia, 12 de abril
Segundo a assessoria de imprensa da CNBB, os destaques para a programação do primeiro dia, foram as solenidades de abertura, com início às 7h30 (abertura da Assembleia, acolhida oficial e acolhida do Presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo de Belo Horizonte-MG).

Às 8h50 foi realizada a fala do novo Núncio Apostólico do Brasil, dom Giambattista Diquattro. Foi a primeira vez que ele se dirigiu ao episcopado brasileiro reunido em Assembleia.
Ainda na primeira sessão, na parte da manhã, foram apresentados: o relatório bienal 2019-2020, organizado pelo Presidente da CNBB, a mensagem do Santo Padre à assembleia e aos bispos do Brasil e abordado o tema dos ministérios concedidos às mulheres pelo Papa Francisco. Também foram apresentados o relatório econômico e o tema central.
Os destaques do período da tarde ficam por conta das análises de conjuntura eclesial e social e a programação de atividades dos anos Amoris Laetitia e Josefino, em 2021.
A Assembleia
No início da Assembleia Geral foi realizada a oração das Laudes e a invocação do Espírito Santo, por meio da oração Veni Creator Spiritus.
Na mensagem de acolhida o presidente da Conferência Episcopal dos Bispos do Brasil, Dom Walmor Azevedo, destacou a comunhão com o Papa Francisco e a responsabilidade da conferência episcopal: “unidos e missionariamente empenhados na árdua tarefa de evangelização”. Destacou ainda a primazia do chamado de Jesus a todos os homens. “Não fostes voz que me escolheste, mas eu que vos escolhi.” Ainda falou sobre a dificuldade da pandemia imposta ao episcopado brasileiro: “Olhando a humanidade e a nós mesmos, chegamos a esta 58ª Assembleia, com os pés cansados e os joelhos enfraquecidos. A pandemia nos vem exigindo aprendizagens e novos rumos”.

Porém, destacou que essas dificuldades abrem novas possibilidades e exigem novas respostas. O presidente ainda destacou um retorno as fontes e a importância do princípio da comunhão. Falou de um novo estilo de vida ao sabor do Evangelho de Jesus.
Por fim, ao falar da Mãe Aparecida, como consoladora e misericordiosa, realizou um instante de silêncio por todos os que sofreram perdas nesta pandemia, lembrando os milhares de falecidos. E concluiu conclamando a todos a viver a Fraternidade, na força da fé no ressuscitado, impulsionados na consolação que vem do Espírito, fortalecidos pela comunhão, colegialidade, missionaridade, sinodalidade.
A coletiva de imprensa

A coletiva de imprensa realizada na tarde desta segunda feira, foi assessorada pela jornalista Manuela Dias e teve como anfitrião Dom Joaquim Mol, bispo auxiliar de Belo Horizonte (MG) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da CNBB.

Foram os porta-vozes da CNBB: o arcebispo de Curitiba (PR) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB Dom José Antônio Peruzzo; o bispo de Guaranhus (PE) dom Paulo Jackson Nóbrega de Souza; e o bispo de Livramento de Nossa Senhora (BA) dom Armando Bucciol.
Dom José Peruzzo, que é membro da Comissão do Tema Central, em sua fala ressaltou que o tema não é novo, já foi tratado em edições anteriores da AG, mas é um tema recorrente, pois é uma fonte inesgotável de saber e amor da qual brotam sempre coisas novas, que devem ser constantemente atualizadas tendo como panorama as mudanças de época.
Dom Paulo Jackson, que é biblista e presidente do Regional Nordeste 2 da CNBB, disse que o documento parte do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus, capítulo 13, a parábola do semeador. Ressaltou que a luz dessa parábola, somos convidados a refletir sobre a animação bíblica na vida e na pastoral da Igreja. E ainda mais, somos convidados a refletir sobre o processo de iniciação a vida cristã.
Partindo disso existem muitos desafios para a implantação desta cultura da Palavra. Esses desafios são tratados no documento, dentre os quais estão a acessibilidade da Palavra de Deus, principalmente nas línguas Libras, braile e indígenas. Também existe o desafio de um anúncio querigmático, o fundamentalismo, a teologia da prosperidade e as diferenças sociais entre os brasileiros, principalmente a miséria e falta de recurso de muitos.
Dom Armando Bucciol, liturgista e membro da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB, lembrou que a finalidade do documento é que a Palavra de Deus seja sempre mais desejada pelo povo. Ao falar dos terrenos nos quais são semeados a Palavra: ressaltou a importância da Palavra de Deus na Liturgia, seja nos sacramentos, mas também na homilia, a qual deve ter uma relação profunda com a Palavra, não deve ser longa, mas traga aquilo que é essencial para alimentar o Povo de Deus. Disse ainda que é necessária uma reanimação bíblica na pastoral e na missão.
Também a Iniciação à Vida Cristã deve ser fundamentada na Palavra de Deus. As juventudes devem ser plasmadas pela Palavra, o movimento ecumênico deve ser lugar de diálogo fundamentado na Palavra, e as famílias e toda formação presbiteral deve ser marcada pela Palavra de Deus, verdadeiras casas do Evangelho, onde a Palavra é alimento, força na caminhada das vocações específicas. Também a Palavra não pode ficar inerente aos meios de comunicação e mídias sociais, nos quais a Igreja deve investir para ampliar o espaço nesses ambientes digitais.

Respondendo as perguntas dos jornalistas, Dom Peruzzo lembrou que diante da impossibilidade de aprovar um documento no que se refere ao Pilar da Palavra, o texto apresentado que será lançado na modalidade de estudo, ressaltando que desta forma, constitui-se uma oportunidade para que o tema seja amplamente discutido e estudado nas mais diversas comunidades, movimentos e pastorais da Igreja do Brasil, para que na próxima Assembleia presencial o texto seja aprovado como diretriz.
Ir. Pedro Paulo Espirito Santo Queiroz, CJS.
Religioso e Promotor Vocacional na Congregação de Jesus Sacerdote, Editor-Chefe da Revista Voz Amiga, Formado em Licenciatura Plena em Filosofia pela FAJOPA, e cursando o 7º semestre de Teologia no UNISAL. Bolsista PIBIC-CNPQ