O diálogo é importante na descoberta vocacional. Ele é abertura ao conhecimento de si, por meio de uma relação de escuta e fala: “A pessoa escuta o chamado de Deus, reflete em seu íntimo, e por meio de uma adesão ou recusa responde a este chamado.
Toda vocação exige que a pessoa vá além de qualquer conotação egoísta, e estabelece vínculos com o Transcendente, transcendendo também sua maneira de enxergar o mundo que o cerca, as coisas e as pessoas. Dificilmente se pode compreender uma vocação fora da comunhão. Pois, a vocação é um para o outro, e somente dentro da comunidade ou diante do outro podemos compreender o chamado que Deus nos faz.
Em outras palavras, se alguém é chamado ao matrimônio, consegue compreender isso diante da amada ou do amado, que o despertará para um sentimento capaz de desejar estar ao lado daquela pessoa por toda vida; de amar e ser amado, de buscar a unidade de corpo e de vida, e de fazer desse amor uma união conjugal que se torne diante dos homens um sinal do amor de Deus pela sua Igreja.
A vocação a uma vida consagrada também descobre a sua autenticidade em um desejo de consagração a Deus e ao serviço do próximo. O chamado torna-se modelo de vida e de configuração, e sendo assim, a pessoa é levada a transcender a tal ponto, que chegue à plenitude citada pelo apóstolo Paulo: Não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim. (Gal 2,20)
Logo, todas as vocações eclesiais são um dom capaz de tornar o ser para o outro, e por isso, quando o desejo vocacional é movido por uma vontade egoísta, de satisfação própria, ele não leva à comunhão, mas sim ao fechamento, o que representa um desvio da vocação.
Por isso, o diálogo é importante na descoberta vocacional. Ele é abertura ao conhecimento de si, por meio de uma relação de escuta e fala: “A pessoa escuta o chamado de Deus, reflete em seu íntimo, e por meio de uma adesão ou recusa responde a este chamado.”
A iniciativa é sempre de Deus, mas é essencial a abertura do homem nesse processo. Não podemos esquecer que a nossa resposta a esse chamado é sempre contínua, e esta acontecerá ao longo de toda a vida, como resposta continuada.
Esse diálogo é na verdade o que move a nossa vida. O sim e o não estão inseridos em uma conversa que dura toda vida, se confirmando a cada momento, é nossa decisão primordial que escolhemos no sentido da vida.
A proposta de Deus é sempre nova, e a nossa resposta precisa ser renovada a cada dia! Isso não significa que Deus muda de planos a todo momento, mas é impossível dizer que a proposta de Deus não desperte provocações que desinstalem a neutralidade da nossa vida. Portanto, não é possível, ficar apático diante da vocação, do convite de Deus, e não desistindo pois muitas vezes nos enviam para novas terras.
Por isso, é importante um contínuo projeto de vida, que se renova, transforma e conduz sempre à novidade numa continuidade da decisão fundamental. A resposta de adesão ao projeto de Deus não pode ser reduzida a uma mera palavra. Essa resposta se traduz em uma ação de entrega e doação total, de confiança e obediência a graça recebida.
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Ir. Pedro Paulo Espirito Santo Queiroz, CJS.
Religioso e Promotor Vocacional na Congregação de Jesus Sacerdote, Editor-Chefe da Revista Voz Amiga, Formado em Licenciatura Plena em Filosofia pela FAJOPA, e cursando o 5º semestre de Teologia no UNISAL. Bolsista PIBIC-CNPQ