Revista Voz Amiga | Volume 31 | Nº 2 | Ano 2021
O Santo Padre, o Papa Francisco fez um convite irrecusável à Igreja que rege, chamando-a à sinodalidade, não como uma opção, mas como a única possibilidade de ser realmente Igreja. Mais do que um convite, foi um resgate do originário e apostólico conceito de Sínodo.
Sinodalidade é a capacidade de caminhar mais longe não estando só, é caminhar juntos, ou melhor, construir o caminho juntos. A Obra do padre Mário Venturini (Congregação de Jesus Sacerdote, Filhas do Coração Sacerdotal de Jesus e Agregados internos e externos), não hesitou em responder a esse convite, antes mesmo dele ser feito:
Desde o início de nossas comunidades no Brasil, os padres e religiosos da Congregação de Jesus Sacerdote, determinaram que pelo menos uma vez em cada mês se encontrariam para um encontro de organização, troca de experiências e confraternização, denominado Intercomunitário; com a finalidade de caminharem juntos e não perderem a riqueza do ser família. Também na Itália os venturinis se encontram algumas vezes durante o ano, assim como nossos agregados; todos com o mesmo objetivo: caminhar juntos.
Porém, o objetivo desta crônica é narrar algo inédito para a Obra, algo que quase passou despercebido e sem registro escrito. Costumamos fazer atas e anotações das mais simples reuniões e encontros, então não podíamos deixar de documentar esse marco na sinodalidade da Obra.
Foi bom que não houvesse ata, pois não foi uma reunião formal ou normativa, mas partiu do coração do Superior Geral que viu uma necessidade de um encontro entre todos da congregação; E, portanto, foi um encontro de família.
Ele que bem conhece as duas realidades (Brasil e Itália) promoveu um encontro virtual entre todas as nossas comunidades: tanto as do Brasil, da Itália, as Irmãs e com o nosso padre Albi que está na Índia.
Em mais de 50 anos da Congregação de Jesus Sacerdote no Brasil ainda não havia acontecido algo nessa escala, só sendo possível pelos recursos tecnológicos e aplicativos de videoconferência que floresceram durante a pandemia em que vivemos.
Mais uma vez a Divina Providência transforma as consequências de um mal, em um bem, que foi a utilização da tecnologia para vencer a distância, dando-nos a possibilidade de um encontro internacional.
Sobre o Encontro;
A reunião foi realizada na língua italiana, visto que, em todas as comunidades do Brasil tem alguém para fazer a tradução simultânea para os irmãos que não compreendem, o que não seria possível com a língua portuguesa na Itália. Por esse mesmo motivo e pelo fuso horário, cinco horas de diferença, não foi possível a participação dos agregados leigos nesta primeira experiência.
Depois de saudar a todos e fazer uma breve exortação sobre a sinodalidade da Obra, o superior geral, Pe. Carlos Bozza, propôs fazermos uma apresentação. As comunidades, por meio de seus superiores, puderam apresentar os seus membros, finalidade, trabalhos e projetos futuros.
Foi um momento banhado de autoconhecimento, a obra conhecendo a obra, como alguém que descobre algo de si mesmo. Um irmão que encontra outro de quem só ouviu falar, ou que tinha poucas lembranças. Foram muitos os momentos de descontração, mas prefiro citar os de grande emoção e, nem sei por onde começar.

Talvez pelo padre Angelo Fornari com a voz embargada de emoção ao ver se realizando algo que a tempos esperava, ou mesmo a irmã Catarina, derramando algumas lágrimas ao ver os brasileiros, ou quem sabe a agregada interna da comunidade de Roma, a Senhora Rosária, com seu testemunho emocionado e emocionante.
Penso que o mais significativo para mim foram os últimos 15 minutos de reunião, quando fui buscar o padre Pio Milpacher, para que seus coirmãos pudessem vê-lo. Quando ele adentrou na sala e apareceu na câmera, os rostos italianos se iluminaram com sorrisos e olhares atentos ao verem o padre mais idoso da Obra. Evidentemente os sacerdotes se conheciam, mas a novidade não estava em pessoas novas, mas em pessoas que há muito tempo não se viam e não se ouviam simultaneamente. Para nós formandos ao ver essa belíssima reação, reacendeu o desejo: “Quero também fazer parte dessa família”.
A reunião foi concluída com um canto, nem em italiano, nem em português, mas em latim; língua que une nossa Igreja na santa liturgia, a antífona: Regina Caeli; na certeza de que não foi a última vez que cantamos juntos, mas que foi a primeira de muitas.
Assim, os participantes souberam da importância histórica e religiosa desse momento para nossa congregação, assim sendo, a obra do padre Mario Venturini permanece atualizada acompanhando o tempo em que vivemos.
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Lucas Oliveira.
Noviço da Congregação de Jesus Sacerdote.